Nem sempre o revolucionário e o inovador são as melhores soluções. O que fazer quando a tecnologia é criada em um momento em que o mercado não está preparado para receber uma novidade.O mundo da tecnologia é feito de constantes revoluções. A cada nova criação, seja ela um produto ou apenas uma tecnologia inovadora, o mercado se agita e se reestrutura por conta dessas “novas tendências”, além de sempre empolgar o público ávido por novidades. Quantas vezes você já ouviu que determinado lançamento iria “reinventar” a forma de se fazer algo?
Entretanto, nem sempre essas promessas são verdadeiras. Os motivos são variados e vão desde o simples fato de a tecnologia não atender às expectativas criadas até problemas de marketing ou o surgimento de um forte concorrente que conquiste o usuário.Por outro lado, há aquelas que realmente trazem um conceito inovador, útil e interessante, mas que não conseguem se popularizar. São tecnologias que realmente revolucionam, mas não obtêm o sucesso merecido por possuírem um conceito para o qual o público ainda não está preparado. É como se elas estivessem à frente de seu tempo.
Mesmo que consideremos os tempos atuais como o suprassumo da evolução tecnológica, ainda encontramos exemplos de conceitos que parecem estar deslocados do momento de tão ambiciosos e futuristas que são. Conheça agora alguns daqueles que ainda precisam de tempo para amadurecer.
Projetos prematuros

Exemplos não faltam. No século XV, Leonardo da Vinci projetou uma espécie de máquina de voo bastante semelhante com o helicóptero, que só foi construído da forma que conhecemos hoje - quase 500 anos depois.
Algo semelhante aconteceu com o efeito 3D, tão popular nas salas de cinema atuais. Seu conceito original data do ano de 1800. Apesar disso, tornou-se popular nos anos de 1950 e voltou a cair no esquecimento até ser o grande destaque de 2010.
A própria Apple foi vítima de sua genialidade. Na década de 80 ela lançou o Newton, um computador portátil em que o usuário controlava todas as ações por meio de uma tela sensível ao toque, mas foi considerado um dos maiores fracassos da empresa. Essa descrição faz com que você se lembre de algo, não? O Newton foi o primeiro tablet da marca de Steve Jobs e é o “pai” do iPad, o grande sucesso de vendas deste ano.

Já o Newton e o helicóptero também mostram que a sociedade precisa estar pronta para receber determinado tipo de conceito Quando o Newton foi lançado, no início dos anos 80, os computadores pessoais ainda estavam dando os primeiros passos e se popularizando. Oferecer ao usuário uma alternativa portátil e sem teclado e mouse era algo estranho, pois não havia a mesma necessidade de mobilidade de hoje.
Mesas digitais

Nunca ouviu falar? Não se desespere, pois você não é o único, já que esse tipo de dispositivo não se tornou tão popular quanto se esperava e o máximo que conseguiu foi impressionar com projetos ousados e vídeos bem feitos no YouTube.
Como o próprio nome sugere, as mesas digitais são uma espécie de computador com formato que se assemelha ao móvel de cozinha. Com tela multitoque, câmeras de infravermelho e vários outros recursos tecnológicos, esperava-se que elas fizessem sucesso devido às infinitas possibilidades de uso oferecidas.
A própria Microsoft decidiu apostar no formato com o Microsoft Surface. Entre os diversos vídeos promocionais do produto é possível ver sua utilização em bares e restaurantes, tornando o atendimento muito mais prático, intuitivo e rápido. Entretanto, o sonho de ter o controle de tudo na ponta dos dedos não aconteceu.

Serviços por voz
Quantas vezes você viu em filmes de ficção científica computadores capazes de realizar qualquer tipo de operação apenas com um comando de voz do usuário? Apesar de ainda não existir nenhum tipo de ferramenta desse nível, os serviços de voz já são uma realidade. Ou melhor, são uma tentativa.

Muitos celulares já são capazes de realizar ligação quando o usuário fala o nome de algum contato registrado no aparelho, mas o recurso ainda não funciona de maneira precisa. Como essa associação é feita a partir de uma gravação de voz, qualquer diferença no timbre ou entonação faz com que o equipamento não encontre a pessoa para quem você pretende ligar.

O principal problema desse tipo de tecnologia é encontrar um padrão universal de tons, além de um extenso vocabulário. Em um idioma como o português, que possui diversas variações, além de sotaques e expressões regionais, criar uma unidade é um desafio para o futuro.
Tradutores
Apesar de o Google Tradutor já estar presente em nossas vidas e ser amplamente utilizado, ainda há a sensação de que ele é um projeto prematuro em que há muita coisa para ser melhorada.

Isso não significa que os tradutores são uma tecnologia que falhou, mas que precisa de mais tempo para amadurecer. Quem sabe no futuro essa limitação seja eliminada e todos os idiomas possam ser compreendidos e traduzidos claramente, assim como víamos nos seriados de ficção científica.
Teclado virtual

Conectar-se em qualquer lugar e utilizar um computador sem a limitação do mouse e do teclado. Por muito tempo isso foi desejado e finalmente chegamos a um estágio em que é possível, não é mesmo, tablets?
Porém, o resultado é um tanto quanto aquém daquilo que esperávamos. Enquanto a substituição do mouse pelo touchscreen foi bastante natural e funcional, o teclado não teve a mesma sorte.
Por mais que a virtualização apenas reproduza o formato do periférico na tela do equipamento, a sensação de digitar é completamente diferente. O próprio iPad, da Apple, recebeu críticas em relação a isso, já que muitos usuários não aprovaram a utilização da tela para escrever suas mensagens.
O motivo? Depois de tantos anos apertando teclas e ouvindo o “tec tec” dos botões, a utilização de teclados virtuais causa estranhamento na maioria das pessoas. A perda de referencial é um dos principais fatores que fazem com que esse tipo de ferramenta precise de uma segunda chance para ter o reconhecimento que merece.

OK, sabemos que o Kinect (ou Projeto Natal, se preferir) ainda não foi lançado, mas uma coisa é certa: já está gerando polêmica. Da mesma forma que o teclado virtual ainda sofre com a perda de referencial, a falta de um joystick é o principal motivo para que muitos jogadores olhem com estranheza para a grande novidade da Microsoft para seu console.

Sem um controle, as pessoas simplesmente tendem a agir instintivamente para realizar as ações na tela, e como o equipamento possui um tempo de resposta de alguns segundos, o resultado é a insistência no movimento e a sensação de que aquilo tudo é bizarro. Torçamos para que, na prática, isso fique mais natural.
Outra tecnologia que é sempre vista como a grande tendência do momento, mas ainda precisa de um grande impulso para deslanchar é a computação em nuvens. O conceito de que nada precisa ser instalado em seu computador, já que tudo vai ser disponível online, é uma grande promessa que ainda precisa conquistar o público para se tornar realidade.

Além disso, a empresa possui um projeto ainda mais megalomaníaco envolvendo a computação em nuvens. Seu sistema operacional, o Chromium OS, é totalmente baseado nessa tecnologia e dispensa a instalação de qualquer aplicativo. Resta saber se as pessoas vão trocar o atual formato por algo um tanto quanto “abstrato” para muitos.

Eis um grande exemplo de algo que assusta por parecer futurista demais. A interação entre o real e o digital está em alta no momento, mas de maneira bastante rudimentar. A realidade aumentada possui um potencial de uso muito grande e, por enquanto, só é utilizada para jogos e outros pequenos recursos.
Os motivos são simples. Uma utilização massiva necessitaria, primeiramente, de suporte. Alguns conceitos apresentam celulares que utilizam a câmera para criar um GPS inteligente, mas para isso seria preciso que uma boa parcela dos usuários tivesse um equipamento capaz de realizar esse tipo de função.

Todos merecem uma segunda chance
Estar à frente de seu tempo não significa que as tecnologias falharam em definitivo. Assim como o Newton e o 3D, todos os exemplos citados não tiveram a aceitação ou efetividade merecida por falta de amadurecimento, seja do recurso em si ou do próprio público.
Isso significa que para consolidar um conceito, não basta apenas revolucionar. Mudanças drásticas assustam o usuário e afugentam-no, como aconteceu com o Google Wave. Portanto, não é necessário apresentar uma tecnologia superior ou incrivelmente inovadora: basta que ela sacie a necessidade de quem vai utilizá-la.
http://www.baixaki.com.br/info/4501-7-tecnologias-a-frente-de-seu-tempo.htm
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