Investigadores da Faculdade de Informática da Universidade Politécnica de Madrid desenvolveram um projecto cujo objectivo é possibilitar à comunidade científica uma nova forma de classificar os neurónios do cérebro – células especializadas em receber estímulos e em conduzir impulsos nervosos.
Estima-se que o cérebro humano tenha cem mil milhões de neurónios e estes classificam-se segundo a sua morfologia, mas a análise actual é confusa por não existir uma nomenclatura própria e cada grupo de investigação usa terminologias diferentes. Foi para tentar superar este problema que a equipa espanhola concebeu a “classificação do jardineiro”.
O sistema pretende simplificar e precisar a denominação de um grupo de neurónios bastante heterogéneo, com o apoio de uma vintena de especialistas mundiais, da área da neuroanatomia. A selecção utilizada foi extraída de uma base de cinco mil células cerebrais, construída com a ajuda de 20 laboratórios distribuídos pelo mundo, onde já se verificaram confusões semânticas que dificultaram a investigação.
O exemplo do jardineiro é bastante eloquente já que é “alguém que conhece perfeitamente as flores do seu jardim”, embora não esteja interessado na sua nomenclatura científica, por não precisar dela para realizar o seu trabalho.
O Gardener Neuroclassificator simplifica a classificação e proporciona maior eficácia na utilização do conhecimento das células cerebrais. Para isso, os investigadores conceberam uma página Web que os neurocientistas podem consultar. Na página existe a possibilidade de explorar cada um dos 320 neurónios seleccionados e escolher a denominação mais adequada atendendo a uma série de características na sua forma tridimensional.
Nova classificação até final do ano
Uma vez realizada a tarefa, a equipa da FIUPM irá analisar estatisticamente os dados e determinar as concordâncias para uma nova classificação pelos especialistas consultados. O resultado pretende mostrar à comunidade científica que existem desacordos entre as denominações actuais e que é possível chegar a uma nova terminologia mais prática.
A nova classificação – Gardener Neuroclassificator – foi concebida pelo neuroanatomista Javier de Felipe, coordenador do projecto Cajal Blue Brain. O suporte informático que permite visualizar a 3D os neurónios seleccionados é da autoria de Pedro Larrañaga e Concha Bielza, investigadores da FIUPM e Pedro Luis López Cruz e por Ruth Benavides-Piccione, do Instituto Cajal-CSIC.
Até ao final deste ano, espera-se que a comunidade científica já disponha de uma classificação consensual para os neurónios do cérebro dos mamíferos, que agilizará a investigação em Neurociência.
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