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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Para acessos especiais

Apesar de o País ter 25 milhões de pessoas com deficiência, software para acessibilidade são raros e caros. Mas há soluções gratuitas feitas aqui no Brasil.

Rio - Um dos maiores problemas das pessoas com deficiência no Brasil é serem invisíveis Apesar de quase 25 milhões de brasileiros, segundo o IBGE, possuírem algum tipo de deficiência, a sociedade ainda se mantêm cega a essas pessoas. Priscilla Selares, de 28 anos, advogada e coordenadora do setor jurídico do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), é deficiente visual desde os 18 anos, quando um acidente vascular cerebral (AVC) deixou-a com apenas 5% da visão no olho esquerdo e cega do direito. Para ela, essa invisibilidade imposta aos deficientes é perigosa. “De tanto ouvir ‘não’, você acaba achando que é impossível ter uma vida normal. Se tivesse acreditado nisso, hoje não estaria exercendo a minha profissão”, conta.

Foto: Alessandro Costa /  Agência O Dia
Com 5% da visão em um dos olhos, Priscila usa uma luneta e o software Magic | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia

A exclusão também se manifesta no acesso à Internet. De acordo com o Censo na Web, pesquisa do Comitê Gestor da Internet, 98% dos sites do governo não adotam padrões de acessibilidade. De acordo com a ONU, em países em desenvolvimento, os deficientes representam cerca de 10% da população. Isso significa que os sites de interesse público estão de portas fechadas para um décimo dos brasileiros.

Vagner Dinis, responsável pelo censo, explica que as barreiras não são de ordem tecnológica, mas de tomada de consciência. “É muito fácil fazer um site adequado aos padrões de acessibilidade, sem custo adicional”, diz. São mudanças simples, como uma configuração de recursos de navegação pelo teclado ou uma codificação da página e inserção de descrições das imagens para deficientes visuais, e até mesmo um aumento no contraste de gráficos para atender ao daltônico, que não é capaz de diferenciar certas cores.

Mesmo com essas opções, a inclusão não é fácil. “As empresas acham que um deficiente dá trabalho e representa gastos. Há uma grande resistência”, explica Teresa Costa d'Amaral, Superintendente do IBDD e autora da lei federal 7.853/89, que trata dos direitos da pessoa com deficiência e criminaliza o preconceito. “Dos 40 mil com currículos cadastrados, conseguimos empregar apenas 73 nos últimos seis meses”, lamenta.

A falta de acesso às tecnologias assistivas perpetuam um círculo vicioso que condena os deficientes à invisibilidade. Sem elas, é difícil obter informação, educação e trabalho. Desempregadas, as pessoas com deficiência não formam um mercado consumidor vigoroso capaz de sustentar esta indústria tecnológica. As tecnologias assistivas são, portanto, uma necessidade. Elas aumentam a qualidade de vida e abrem caminhos que, de outra forma, estariam fechados para as pessoas com deficiência.

Programas especiais

Tecnologias para deficientes que aumentam o acesso democrático à informação não faltam. Antônio Borges, engenheiro de sistemas e responsável pelos projetos de acessibilidade do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, criou vários software para deficientes. O Dosvox, sintetizador de voz que narra os comandos de vários aplicativos, é gratuito e é usado por mais de 30 mil deficientes visuais. “Um cego que que saiba usar bem o programa pode mais ser rápido no computador que alguém que use um sistema operacional convencional, já que o mouse torna o usuário mais lento”, acredita o engenheiro. Já o Motrix, para pessoas sem movimento nas mãos, mas com a fala preservada, já foi baixado na Internet por 2 mil usuários, o que é considerado um sucesso.

Contudo, nem todas as tecnologias assistivas são gratuitas. Algumas podem atingir preços exorbitantes, como o Jaws, leitor de tela para cegos, que custa de R$ 2.700 a R$ 4 mil, e o Magic, que amplia os conteúdos exibidos e é usado por pessoas com capacidade reduzida de visão, que custa entre R$ 1.100 e R$ 1.500. Programa similar para celulares, o Talks é muito usado por deficientes visuais e custa em torno de R$ 700. Além de caros, os programas são difíceis de encontrar no mercado.

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